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Crônica divertida sobre personagens de uma academia.

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Um dia desses, entre um intervalo e outro, me imaginei observando os “malhadores” e foi

interessante analisá-los. Eu tenho uma capacidade de observação um tanto quanto aguçada; creio

que acabei desenvolvendo esse dom pelos anos vividos na área comercial.

São tantas características que me arrisquei a colocar minha percepção no papel a respeito de

algumas delas.

 

Um senhor. Com o fone de ouvido daquele tipo auricular, com o celular na mão, falando com

alguém por vídeo, aparentemente sobre trabalho. Ele anda pra lá e pra cá ao redor do equipamento

e, algumas vezes, se “deposita” nele. Daí penso: será um workaholic, será vaidade, ego, um

centralizador, ou será mesmo uma necessidade de se fazer importante a ponto dos outros notarem?

Vai saber. O fato é que malhar mesmo, nada; só ocupa o equipamento.

 

Uma mulher. A idade, não me atreveria a opinar, com um glúteo que a academia inteira olha

quando ela chega. É um daqueles glúteos onde se poderia servir uma refeição inteira com taça e

copo sem risco de caírem. Ela até é super na dela, chega com seu personal, malha, não fala muito e

tchau. Já em relação aos demais que olham desde que ela chega até ela ir embora, ah, vocês

precisam ver as caras e comentários quase desapercebidos dos quais até me arrisco a citar: “Será

que é dela mesmo?”, “Não, deve ser enxerto”, “Meu Deus, pra que tanto?”. Eu, do meu lado,

querendo chegar até ela para dar uma encostadinha de dedo para sentir a consistência e pensando:

“Ela não deve sentir dor nos ísquios quando fica muito tempo sentada como eu, já que os meus

glúteos, a partir de uma certa idade, pediram licença e nunca mais voltaram. Por isso insisto na

academia. Acho até que eles vão ficar longe para sempre” (kakaka). Já os homens riem, mas pensei,

com que intenção? Sarcasmo, curiosidade ou alguma fantasia? Entendem o que eu quero falar?

Entendedores, entenderão.

 

Gente, isso é só o começo, uma ponta de percepção diante de tantas características. Cada uma

mais interessante que a outra.

 

Os fortinhos. Às vezes intitulados “os sem noção” (isso eu ouço nos corredores, hein). São aqueles

que andam como se fossem pombos. Pegaram a visão? Empinam o peito de tal forma que me leva a

pensar se à noite não sentem dores nas costas. Eles também são taxados como os donos dos

equipamentos, se apoderam, tomam como propriedade privada. Ficam totalmente desligados com

seus fones de ouvido. Não revezam aparelho; aliás, fingem que os demais aguardando são invisíveis

ou fantasmas que vêm para atormentá-los. Será que são mesmo sem noção ou é exagero dos

comentaristas? Um caso a se pensar. Em particular, concordo sobre o título.

 

O corpo perfeito. Ela chega séria, malha, não fala muito, mas sorri mesmo pegando firme nos

exercícios. Não pega muito peso, mas tem os músculos bem definidos e aquele corpo perfeitinho

que todas as mulheres gostariam de ter e os homens, acho que obter (risos). Aquele corpo sequinho,

sem gordura, sabe? Ah, ela também usa fone de ouvido.

 

Tantas utilidades tem o fone, né? Para ouvir música, para se isolar, para afastar os que gostam de

falar, para dançar, para trabalhar em silêncio, enfim, muitas utilidades. Nem imagino quantas.

 

Os idosos. Um segmento interessante e em plena evolução. Muito bom ver tantos idosos malhando

atualmente e naquele horário que classificam como da terceira idade. Na parte da manhã, a hora dos

velhinhos. Eles vêm com tudo. Alguns guardam as tradições, outros tentam se atualizar e se

adequar. Uma boa parcela com seu personal. Entretanto, me dói quando vejo uns que malham

sozinhos, executando os exercícios de forma errada, mas, “ai de” um instrutor da academia falar

isso para eles ou pensar em ensinar. Alguns se ofendem e ficam de cara feia, no mínimo. Já percebi

coisas que, contando aqui, vocês não acreditariam.

 

As senhoras saradas 60+. Elas se sentem fortes, definidas, não são, mas isso já ajuda muito na

autoestima. “Elas não andam, elas desfilam.” Tem as que se aventuram a usar shortinhos e

macacões daqueles apertados e/ou justos, não sei bem como classificar, mas estão aí, se adequando

e se sentindo jovens de novo. Isso é o mundo ideal de acordo com os médicos e geriatras. Tem as

mais senhorinhas, tradicionais, que fazem escova no cabelo, se maquiam, capricham nas roupinhas

e fazem daquele momento na academia o evento do dia e está tudo bem. Alguns personais adoram

as senhorinhas; acho que elas não dão muito trabalho e o faturamento é certo. São uns amores, acho

(risos).

 

Os adolescentes. Esses são muito descolados, gosto de ver como vão vestidos, sem qualquer

preocupação de agradar, mas primam por produtos de qualidade e conforto. Tênis da hora, shorts e

tops sem costura, cabelos desarrumados, malham em duplas e também usam o fone de ouvido. Há

até os que malham e treinam outro idioma em dupla. Hora falam em português, hora em outro

idioma e assim segue o baile.

 

Os homens interessantes. Gosto do tipo. Daqueles lindos com corpos lindos e que não dão muita

confiança. São os que causam congelamento em quem está olhando. Tenho que me policiar. E o pior

ou melhor, é que são simpáticos, educados, na deles, não falam muito e malham pra valer. Assim eu

gamo. Fácil, não! Tem um na minha academia. Fico procurando defeito nele todo dia e não

encontro. Às vezes me pego olhando ele de cima a baixo e quando ele percebe, tento disfarçar

(kakaka). Difícil, minha imaginação cria asas… dá-lhe Red Bull.

 

Os personal trainers. Tão simpáticos que me fazem pensar: será que eles são assim mesmo ou se

esforçam para angariar mais alunos? Há quem diga que sim, mas ser simpático pode ser uma

característica ou exigência do cargo deles, pois, afinal, trabalham com o público.

 

Os desligados. Serão mal-educados? Gente, são aqueles ou aquelas que vão para o bebedouro

encher sua “garrafinha” de 1 litro e meio. Naquele bebedouro que, quando se aciona a torneira para

encher a garrafa, a “torneirinha” para beber direto na fonte fica fraca. Daí você está lá esperando,

morta de sede porque sugou tudo ao fazer esforço e aquela pessoa enchendo aquele garrafão olha

para você e “nem tchum”. Ela não se toca que você precisa beber água. Esses poderiam ser inclusos

nos sem noção, não acham?

 

Os barulhentos. Daqueles que pegam mais peso do que conseguem e gemem ou urram de uma

forma assustadora que chega a virar comédia. Do nada, ouvimos aqueles sons estranhos e, em

seguida, um estrondo porque alguém largou os pesos do equipamento, o que chega a indicar que

algo quebrou ou alguém desfaleceu. E por que isso? Peso além da capacidade. A competição é

grande na cabeça deles. Aliás, na de muitos que vão para a academia com o sentido de competir

para ver quem é mais forte. Vejo muitos fofocando o peso do outro e, se for maior do que o dele, ah,

o que é isso? Não pode. Se ele pode, eu posso mais. Vai me passar, não (risos).

 

A madame. Chega a madame com seu personal a tiracolo. Cada dia uma roupa diferente. Fico

imaginando o tamanho e a capacidade da gaveta do armário dela. Ela entra na passarela, com

celular, garrafinha e outros apetrechos, e dá início com seu personal. Daquelas que fala muito, muita

história para contar, reclama muito do peso, acho que para chamar a atenção para ela, pois nem

pensar em alguém não notá-la. Ela veio para brilhar e quer os holofotes.

 

Os que exalam. Pensou nos perfumados? Sinto dizer que não são. É justamente ao contrário.

Captou? Já chegam suados com o cheirinho de “cebola”. Será que moram muito longe e vêm

caminhando ou se esquecem de fazer a higiene ao acordar? Fato é que todos se esquivam porque

eles transpiram absurdamente e exalam aquele cheiro desagradável. Além disso, não limpam os

equipamentos quando acabam. Pense…

 

Os ceguinhos. Resistem ao uso dos óculos e fazem caras e bocas para ler qualquer coisa que seja ou

até para enxergar à sua volta. Alguns já adotaram o aperto dos olhos eternamente e, quando

apertam, abrem a boca e ficam com a boca aberta o tempo todo. Senhor, vá ao seu oftalmo e adote

um óculos com urgência. Eu indico. Dá até um certo charme.

 

 

 

Os casais. Alguns malham juntinhos, uns fofos. Chegam juntos, se ajudam e saem juntos. Outros

chegam juntos, mas ela a uma certa distância atrás dele, um ânimo de dar inveja, só que não (SQN).

Aquela frieza, sabe? Talvez pelo tempo de casados, aquele desgaste básico. Porém, saem juntos e

rumam ao seu lar. Seja “lar” como for.

 

Os “armários”. Aqueles de ombros largos com bíceps, tríceps, trapézio e tudo mais que têm

direito, daquele jeito. Imagina acordar com um desses sem camisa à sua mesa de café da manhã,

andando pra lá e pra cá só de sunguinha. Ai, ai. Dispara coração.

E assim vou observando cinco dias por semana. Mas eu malho, tá? Não falo muito, não uso fone e

sigo minha série direitinho, cronometrada via celular e, entre um intervalo e outro, aproveito para

escrever um pouquinho.

 

Estou entre tantos com tantas características e gosto de observar porque, além de divertido, me

ocupo durante o descanso da série e tento conhecer um pouco mais sobre personas, suas

características e capacidades. Sigo malhando…

*qualquer semelhança é mera coincidência*

 

Eu sou Georgete Mendes

Frequentadora de uma academia…

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