Considerado por muitos estudiosos como o texto teatral mais importante dos últimos 50 anos, Angels in America é um díptico escrito por Tony Kushner no início dos anos 1990. Composto de O Milênio se Aproxima (Parte I) e Perestroika (Parte II), e jamais montado integralmente no Brasil*, o texto recebeu os principais prêmios da dramaturgia americana, incluídos aí os prestigiados Tony Award, Drama Desk Award e Pulitzer Prize. A estreia nacional de Angels in America aconteceu em maio de 2019, no Teatro Antunes Filho, localizado no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. No Rio de Janeiro, a temporada de estreia será no Teatro Riachuelo, um espaço icônico do século XIX localizado no Centro do Rio, próximo ao Metrô Cinelândia. A Parte I: O Milênio se Aproxima será apresentada sextas, às 20h e sábados, às 17h, e a Parte II: Perestroika será apresentada sábados, às 20h e domingos, às 18h. As duas partes somam aproximadamente 5 horas de duração. A temporada no Teatro Riachuelo será de 5 a 28 de julho.
O resultado deste processo é a criação de uma grande peça de teatro, com duração aproximada de 5 horas. A montagem da Armazém Companhia de Teatro será apresentada em dois formatos: como duas peças autônomas, que serão vistas em dias alternados, e como uma grande peça, com as duas partes encenadas juntas, contando com um intervalo entre elas.
(*) Em 2003, a peça foi adaptada para a televisão pela HBO, resultando numa minissérie de sucesso, com um elenco estelar liderado por Al Pacino, Meryl Streep e Emma Thompson. Em 1995, primeira parte, O Milênio se Aproxima, foi montado em São Paulo, sob a direção de Iacov Hillel. No elenco, estavam Cássio Scapin, João Vitti e Rodrigo Santiago, entre outros.
O pupilo de Roy, Joe (Ricardo Martins), é mórmon e trabalha no Tribunal de Apelação como chefe de gabinete há cinco anos. Roy oferece a ele um cargo importante no Departamento de Justiça em Washington, para que Joe o beneficie em um processo que visa expulsar Cohn da Ordem dos Advogados. Joe se vê dividido entre a carreira e seus princípios éticos. Além disso, seu casamento com Harper (Lisa Eiras) não vai nada bem. A criação religiosa fez com que Joe nunca assumisse sua homossexualidade e, para aplacar a depressão da relação, Harper ingere quantidades enormes de Valium, buscando refúgio em suas alucinações. Num momento de crise, Joe liga para a mãe, Hannah (Patrícia Selonk), e conta para ela que é gay. Hannah o repreende veementemente durante a ligação, mas dias depois vende a casa em Salt Lake City, onde morava, e chega em Nova York para descobrir que o filho sumiu. Ele deixa Harper para viver com Louis – que trabalha no tribunal como digitador – a sexualidade que sempre reprimiu. Joe – advogado, mórmon, republicano – personifica a América que Louis abomina, mas um improvável elo se forma entre eles, uma paixão sexual e poderosa.
Prior está desolado sem alguém do seu lado. Perdeu muitos amigos para a AIDS nos últimos tempos e teme ser o próximo. No auge da doença e da febre, um Anjo desce dos céus e aparece em seu quarto. O Anjo (Marcos Martins) é de certa forma assustador. Ele explica que o movimento da espécie humana – sua incapacidade de se manter parada, de não se misturar – seria a causa dos males do mundo e do desaparecimento de Deus. Prior é o escolhido para restabelecer a paz, cessando todos os movimentos migratórios da humanidade. Ele faz de tudo para rejeitar sua profecia, se torna progressivamente mórbido e amargurado, causando preocupação em seu amigo Belize (Thiago Catarino), que tenta ajudá-lo a lidar com a rejeição de Louis e a cuidar da saúde debilitada. Belize é enfermeiro e trabalha no turno da noite no hospital em que Roy é internado. Negro, gay e ex-drag queen, conhece bem as feridas profundas causadas pelo avanço da política e do pensamento neoliberal defendidos por Roy Cohn. Isolado e enfraquecido, Roy recebe a visita de uma velha conhecida, o fantasma de Ethel Rosenberg (Patrícia Selonk), que foi condenada à cadeira elétrica nos anos 50 graças à influência do advogado nos anos do Macarthismo. O que fazer diante de um sofrimento arrasador? Como sobreviver a uma época monstruosa? É preciso parar ou devemos manter as nossas vidas em constante movimento?
A Armazém Companhia de Teatro foi formada em 1987, em Londrina, em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 80 – de onde saíram nomes importantes no teatro, na música e na poesia. Liderados pelo diretor Paulo de Moraes, o senso de ousadia daqueles jovens buscando seu lugar no palco impregnaria para sempre os passos do grupo: a necessidade de selar um jogo com o seu espectador, a imersão num mundo paralelo, recriado sobretudo pela ação do corpo, da palavra, do tempo e do espaço.
Com sede no Rio de Janeiro desde 1998, a companhia tem mais de 30 anos de formação. Graças ao patrocínio continuado da Petrobras, desde 2000, a companhia tem conseguido levar seu trabalho aos públicos mais variados, tanto do Brasil quanto do exterior. Sempre baseando seus espetáculos em pesquisas temáticas (com a criação de uma dramaturgia própria com ênfase nas relações do tempo narrativo) e formais (que se refletem na utilização do espaço, na construção da cenografia, ou nas técnicas utilizadas pelos atores para conviver com o risco de encenar em cima de um telhado, atravessando uma fina trave de madeira ou imersos na água), a questão determinante para a companhia segue sendo a arte do ator. Busca-se para o ator uma dinâmica de corpo, voz e pensamento que dê conta das múltiplas questões que seus espetáculos propõem. E a encenação caminha no mesmo sentido, já que é o corpo total do ator que a determina.
Apesar da construção de espetáculos tão díspares e complementares como A Ratoeira é o Gato (1993), Alice Através do Espelho (1999), Toda Nudez Será Castigada (2005), A Marca da Água (2012) e O Dia em que Sam Morreu (2014), a Armazém Companhia de Teatro segue sua trajetória sempre investindo numa linguagem fragmentada, que ordene o movimento do mundo a partir de uma lógica interna. Essa lógica interna é a voz da Armazém, talvez a grande protagonista do mundo representacional da companhia.
Ficha técnica
ANGELS IN AMERICA
de Tony Kushner
Direção: Paulo de Moraes
Tradução: Maurício Arruda Mendonça
Elenco (em ordem alfabética): Jopa Moraes (Prior Walter), Lisa Eiras (Harper Pitt), Luiz Felipe Leprevost (Louis Ironson), Marcos Martins (O Anjo), Patrícia Selonk (Hannah Pitt + Ethel Rosemberg), Ricardo Martins (Joe Pitt), Sergio Machado (Roy Cohn) e Thiago Catarino (Belize + Sr. Mentira)
Cenografia: Paulo de Moraes e Carla Berri
Iluminação: Maneco Quinderé
Figurinos: Carol Lobato
Música Original: Ricco Viana
Videografismo: Rico Vilarouca e Renato Vilarouca
Preparação Corporal: Paulo Mantuano
Fotografia: Mauro Kury
Designer Gráfico: Daniel de Jesus
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Assistente de Produção: William Sousa
Produção Executiva: Flávia Menezes e Isabel Pacheco
Direção de Produção: Patrícia Selonk
Produção: Armazém Companhia de Teatro
ANGELS IN AMERICA
Temporada: 5 a 28 de julho de 2019.
Sextas, às 20h: Angels in America Parte I – O Milênio se Aproxima
Sábados, às 20h: Angels in America Parte II – Perestroika
Domingos, às 18h: Angels in America Parte II – Perestroika
Local: Teatro Riachuelo
Telefone: 21 3554-2934
Plateia: 999 pessoas (sendo 275 Plateia Vip / 335 Plateia / 86 Balcão Nobre)
Duração da Parte I: Aproximadamente 140 minutos.
Classificação Indicativa: 16 anos (cenas de nudez, simulação de sexo e palavrões)
Gênero: Drama